segunda-feira, 28 de março de 2011

DIAS 09 e 10 DE ABRIL, SALA VILLA-LOBOS, TEATRO NACIONAL.

A sala Villa-Lobos do Teatro Nacional apresenta o espetáculo de dança “ADORNO”, do grupo contemporânea Primeiro Ato. Inspirado em fotos de tribos na região do Vale do OMO, na África, a apresentação conta com 9 bailarinos em cena e 13 músicas ao vivo, compostas por Lula Ribeiro e Marco Lobo. Concepção, coreografia e direção geral de Suely Machado e figurino de Ronaldo Fraga.

O novo trabalho do grupo mineiro de dança Primeiro Ato fica um fim de semana em Brasília depois de estrear nacionalmente em São Paulo. As apresentações serão dias 09 e 10 de abril, sábado, às 21 horas e domingo, às 20h na sala Villa-Lobos, no Teatro Nacional. Com figurino criado exclusivamente para o espetáculo pelo estilista Ronaldo Fraga, “ADORNO” reúne nove bailarinos no palco e música ao vivo, criada especialmente por Lula Ribeiro e Marco Lobo, composição original com percussão, cello, violino, piano, marimba, acordeon e a voz de Titane.

O grupo faz um percurso do primitivo ao sideral. O espetáculo de dança contemporânea é inspirado em fotos de tribos africanas da região do Vale do OMO. Suely Machado, diretora do grupo, teve sua primeira inspiração para o espetáculo há cerca de um ano, ao deparar com fotos feitas pelo fotógrafo Hans Silvester, que esteve durante seis meses pela região do vale do Omo e registrou o modo como os representantes das tribos Mursi e Surma se adornavam. Para os Surmaris e Mursis, uma folha, um fruto, raízes e plantas são facilmente transformadas em adereços naturais e, depois, enaltecidos pela pintura corporal. Os pigmentos usados nas pinturas também são encontrados na natureza, como pedras em pó, barro e frutos vermelhos. Os habitantes das tribos se enfeitam sem fazer distinção entre masculino e feminino. Os adereços são os mesmos para homens e mulheres. Estas imagens levaram Suely a uma reflexão sobre o primitivo e o sideral, na evolução do ser humano, na aproximação entre masculino e feminino, suavizando suas diferenças e apagando os fortes traços que os dividem. Uma divagação sobre passado e futuro. Pensando na África como berço da cultura, ela traça um olhar sobre o que virá, o amanhã, um futuro de transparência e abertura para a sensibilidade, um tempo em que o conceito de feminino e masculino estão mais abertos, menos definidos, mais amplos e menos pré-conceituosos.

Sobre o processo criativo, Suely Machado destaca que as fotos serviram de inspiração, mas o trabalho vai além. “Ele permeia o caminho do afeto, da memória ancestral, do lúdico cada vez mais presente na evolução de nossa espécie. O humano cada vez mais valorizado pelos que querem transmutar, evoluir e reorganizar a existência”, conta. Para acompanhar esse conceito, toda a equipe de criação dialogou muito com a criadora, do cenógrafo e iluminador aos bailarinos, que são co-autores de muitos movimentos.

Pensando no repertório do Primeiro Ato em relação a este novo trabalho, Suely analisa: “Este é o trabalho mais dançado do grupo, onde o movimento traz em si uma dramaturgia instantânea, modificadora, inédita do momento da atuação. O gesto expressa e possibilita o pensamento transformado em movimento e o espectador irá fazer sua própria leitura do espetáculo”. Para Ronaldo Fraga fazer um figurino para o Primeiro Ato era namoro antigo. “A minha admiração e afeto pelo grupo e pelo trabalho/olhar da Suely vem de longa data. Adorei a experiência pela leveza, liberdade na relação com o grupo e a beleza que é este espetáculo”, destaca o estilista.

Ficha técnica em parceria

O figurinista Ronaldo Fraga optou por fazer uma criação colorida, geométrica e que, ao mesmo tempo, revelasse a pele dos bailarinos. Pensando na geração futura como a geração da sensibilidade à frente dos outros sentidos, e na pele como órgão sensível, ele buscou tecidos com a transparência do tule e o caimento da organsa que, junto com a luz, brincam com a sombra e a silhueta, a fantasia e a imagem real para confundir o espectador sobre o que é pele e o que é tecido. Sem perder o medo das cores e das formas mais puras e geométricas, ele optou por coloridas, apesar de transparentes, para trazer um pouco “de África”, do primitivo. As cores predominantes são amarelo, vermelho e ocre.
Para o iluminador Jorginho de Carvalho o trabalho principal foi criar uma luz que dialogasse com essa transparência do figurino, que potencializasse as nuances e os contornos dos corpos, também sem abrir mão das cores. O cenário de Guilli Seara faz uma intensa parceria com o figurino e a luz. Utiliza-se nele tules e transparências em formatos alongados como sugestão de velas, das caravelas que fizeram a ponte da África para o Brasil.“A trilha sonora está irrepreensível”, esta foi a observação de Ronaldo Fraga ao ouvir as 13 músicas que permeiam o espetáculo. Criada por Lula Ribeiro e Marco Lobo, com percussão, celllo, violino, piano, marimba, acordeon e as vozes de Mauricio Tizumba e Titane. A trilha foi toda criada em cima da coreografia já finalizada.Os nove bailarinos, Alex Dias, Ana Virginia Guimaraes, Danny Maia, Luciana Lanza, Lucas Resende, Marcela Rosa, Pablo Ramom, Verbena Cartaxo, Verônica Santos também são criadores de ADORNO, segundo a diretora, “a coreografia partiu de movimentos criados por eles. “São a origem da minha criação”, destaca.