Centro Cultural Banco do Brasil Brasília exibe grande retrospectiva de um dos maiores documentaristas contemporâneos
*exibição de filmes inéditos no Brasil
*28 títulos que mostram diferentes maneiras de olhar o mundo contemporâneo
*sessões diárias com entrada franca
O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília apresenta, pela primeira vez no Brasil, a maior retrospectiva já realizada no País sobre a obra de um dos mais originais e consagrados documentaristas contemporâneos. Durante 40 anos, o holandês Johan van der Keuken realizou cerca de 50 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens, que oferecem ao espectador possibilidades diferentes e inovadoras de mirar o mundo contemporâneo. Consensualmente considerado um dos mais importantes documentaristas da era moderna, Keuken criou verdadeiras epopéias documentais que ajudam o homem contemporâneo a se compreender melhor e o mundo que o rodeia. Agora, o público de Brasília terá oportunidade de conhecer a maior parte desta produção. A mostra A PERMANÊNCIA DO TEMPO – Filmes de Johan van der Keuken irá exibir, de 2 a 14 de junho, 28 filmes, dentre títulos consagrados internacionalmente, como como Amsterdam Global Village e Face Value - que o próprio cineasta considerava duas de suas principais obras -, Big Ben/Webster in Europe e até mesmo seu último filme, Férias Prolongadas. Serão duas sessões, de terça a sexta-feira, e três no sábado e domingo, sempre com entrada franca. A curadoria é do cineasta, professor e crítico Sérgio Moriconi. No dia 09, após a sessão das 18h30, haverá um debate sobre a obra do diretor com a participação do cineasta Vladimir Carvalho.
Estão na programação todos os principais títulos que fizeram de van der Keuken um dos mais conceituados documentaristas da história do cinema mundial. Cineasta, fotógrafo, experimentador, Johan van der Keuken produziu muito e manteve sempre uma coerência em todo seu trabalho: seu cinema é construtivo, não apresenta verdades absolutas e é feito de partes que vão se encaixando para que o espectador forme sua opinião sobre o que está sendo apresentado na tela. Sua obra Amsterdam, Global Village (1996) é uma epopéia documental de quase 4 horas de duração, que se transformou numa referência como retrato poético de uma cidade e das relações humanas que ela estabelece com o resto do mundo. Van der Keuken deixou um enorme acervo fotográfico e uma obra cinematográfica vasta, inigualável. O realizador, que faleceu em 2001, gostava de falar filosoficamente sobre seu trabalho: “fotografar porque o tempo passa demasiado depressa, filmar porque o tempo me faz falta”.
Johan van der Keuken era seu próprio cameraman e gostava de filmar livremente, a partir de uma ideia inicial. Seu interesse foi sempre o homem e suas relações, como ele se relaciona com as mais diversas realidades. O cineasta esteve no Brasil, em 1999, como homenageado do É TUDO VERDADE – FESTIVAL INTERNACIONAL DE DOCUMENTÁRIOS. Na ocasião, foram exibidos oito de seus filmes. A mostra A PERMANÊNCIA DO TEMPO é, portanto, a maior retrospectiva já feita sobre o cineasta no País. Dentre seus filmes mais importantes destacam-se Amsterdam Global Village (1996), Big Ben (1967), O Estúdio de To San (To Sang Fotostudio (1997), Paris ao Amanhecer (Paris à l´Aube (1957-1960), A Nova Era do Gelo (The New Ice Age (1974), O Olho sobre o Poço ( The Eye Above the Well (1988), Valor de Face ( Face Value, 1991) e Caminhos para o Sul (The Way South, 1981).
UM CRIADOR INTERESSADO NA NATUREZA HUMANA
Nascido em 1938 em Amsterdã, Johan van der Keuken realizou suas primeiras obras em fotografia, aos 17 e aos 19 anos – “Wij zijn 17” (“Nós tínhamos 17 anos”) e “Achter Glas” (“Atrás da janela”) – dois livros inovadores, retratando os adolescentes, um grupo social raramente representado na época. Entre 1956 e 1958, van der Keuken estudou cinema no IDHE (Instituto de Altos Estudos Cinematográficos), em Paris, prosseguindo com sua atividade fotográfica nas ruas da capital, trabalho do qual resultaria, em 1963, a publicação de Paris Mortel. Obra dividida em seis capítulos, entre os quais o metrô, retratos de rua, desfiles militares e o cemitério de Père Lachaise, em Paris Mortel a ambiência sombria vai ganhando intensidade até alcançar o tema principal, aquele da “mortalidade” da cidade. Assim, Johan van der Keuken colocava fim ao mito da Paris romântica e intemporal, pondo em evidência uma Paris das classes trabalhadoras, uma capital industrial.
Sua carreira de cineasta e fotógrafo está ligada à "percepção da realidade". O cineasta é saudado por seu olhar original, que resultou em documentários que adotam procedimentos da ficção e do experimentalismo e tratam de temas como a pintura, a música, a poesia, a cultura de rua, o jornalismo e a dança. Sempre alternando cinema e fotografia, van der Keuken desenvolveu séries de trabalho como Jaipur, de 1991, - uma homenagem aos condutores de rickshaw das movimentadas ruas de uma cidade indiana superpovoada - e As ruas de Amsterdam, em 1993 - uma contraposição de duas ruas da cidade: Damstraat, percorrida por turistas, marginais, drogados e traficantes, e Haarlemerdijk, uma rua de comércio tradicional. Em seus filmes e em suas fotografias é a natureza humana que interessa. Neles predomina uma visão humanista, destituída de qualquer traço de etnocentrismo.
Realizador que expressa, com excelência, um novo humanismo do mundo globalizado, Johan van der Keuken sempre demonstrou um imenso talento para sintetizar imagens que subvertem a lógica e os postulados do filme documental convencional. Aquilo que filma não é simplesmente explorado pela câmera em sua "verdade" mas sintetizado a partir de uma gama de informações, aparentemente esparsas, que formam um pequeno sistema. Keuken buscou, ao longo de 30 anos de carreira, formar um sistema-mosaico sobre o objeto filmado e não simplesmente interpretá-lo .
CINEMA MOSAICO
"Faça um mapa, estabeleça um método paradoxal. Lance mão de uma narrativa que ponha em questão a suposta linearidade dos ‘documentários’, isto é, estabeleça outros parâmetros para desvendar ‘verdades’ que não são os do ‘cinema verdade’”, ele costumava dizer sobre o fazer cinematográfico. Os objetos escolhidos por van der Keuken não são convencionais, mas se movimentam em viva articulação com outros objetos, criando novos sentidos. Sob essa concepção, o cineasta cunhou alguns dos mais belos filmes das últimas décadas (em especial Big Ben e Herman Slobbe). Mas além de simplesmente sintetizar, seu trabalho igualmente admirável pela capacidade de pensar analogias, recompor ambientes e olhar simultaneamente para o indivíduo e para o mundo.
“Johan van der Keuken é de uma escola que olha para o passado e reformula possibilidades. Esse poder de transformação e síntese lhe confere um lugar privilegiado na cinematografia mundial, como forma de reconhecimento a um trabalho profundo e livre, cuja mirada pode lançar luzes sobre novas perspectivas por um cinema menos comprometido com os padrões estéreis do mercado”, afirma o curador, Sérgio Moriconi. Para Moriconi, essa situação está exemplificada no último longa do cineasta, Férias Prolongadas. Realizado entre 1998 e 2000, enquanto colhia, "despretensiosamente", cenas em diversos lugares (inclusive no Rio de Janeiro), o filme conta como o próprio Keuken lidou com a descoberta, de que desenvolvia um câncer na próstata (que pouco depois o levaria à morte). “O filme é um mosaico admirável, uma celebração, um corajoso olhar para o futuro e para o presente”, explica Sérgio Moriconi. A câmera reproduz estes momentos cotidianos, onde Van Der Keuken busca explicações, mas também toma banho, come, se veste. Para "sobreviver", ele filma. Filma tudo como forma de garantir a permanência no tempo. Deixar de filmar é a metáfora da morte. Esta seria a essência da obra do realizador”.
PROGRAMAÇÃO
Dia 2, terça
18h30 – Paris ao Amanhecer (Paris at Dawn, Holanda, 1960, P&B, 10 min) + Big Ben/Ben Webster na Europa (Big Ben/Ben Webster in Europe, Holanda, 1967, P&B, 31 min) + Beppie (Holanda, 1965, P&B, 38 min)
20h30 – A Nova Era do Gelo (The New Ice Age, Holanda, 1974, cor, 80 min)
Dia 3, quarta
18h30 – O Olho sobre o Poço (The eye above the well, Holanda, 1988, cor, 90 min)
20h30 – Lucebert (Lucebert, Time & Farewell, Holanda, 1994, cor e P&B, 53 min) + Questão sem resposta (The Unanswered Question, Holanda, 1986, P&B, 18 min) + O movimento do Animal (On Animal Locomotion, Holanda, 1994, P&B, 10 min)
Dia 4, quinta
18h30 – Lição de Leitura (The Reading Lesson, Holanda, 1973, P&B, 10 min) + Criança Cega (Blind Kid, Holanda, 1964, P&B, 24 min) + Os Palestinos (The Palestinians, Holanda, 1975, cor, 45 min)
20h30 – Sopro Livre (Brass Unbound, Holanda, 1993, cor, 106 min)
Dia 5, sexta
18h30 – Quatro Paredes (Four Walls, Holanda, 1965, P&B, 22 min) + Velocidade 40-70 (Velocity 40-70, Holanda, 1970, cor, 25 min) + O Muro (The Wall, Holanda, 1973, cor, 9 min) + Vietnam Opera (Holanda, 1973, cor, 11 min)
20h30 – O Olho sobre o Poço (The eye above the well, Holanda, 1988, cor, 90 min)
Dia 6, sábado
16h00 – Amsterdam Global Village (Holanda, 1996, Cor, 228 min)
20h00 - Lucebert (Lucebert, Time & Farewell, Holanda, 1994, cor e P&B, 53 min) + Questão sem resposta (The Unanswered Question, Holanda, 1986, P&B, 18 min) + O movimento do animal (On Animal Locomotion, Holanda, 1994, P&B, 10 min)
Dia 7, domingo
16h00 – A Nova Era do Gelo (The New Ice Age,Holanda, 1974, cor, 80 min)
18h00 – Férias Prolongadas (The Long Holiday, Holanda, 2000, cor, 142 min)
20h30 - Quatro Paredes (Four Walls, Holanda, 1965, P&B, 22 min) + Velocidade 40-70 (Velocity 40-70, Holanda, 1970, cor, 25 min) + O Muro (The Wall, Holanda, 1973, cor, 9 min) + Vietnam Opera (Holanda, 1973, cor, 11 min)
Dia 9, terça
18h30 – O Estúdio de To Sang (To Sang Fotostudio, Holanda, 1997, cor, 32 min) + Vivendo com os seus olhos (Living with Your Eyes, Holanda, 1997, cor, 53 min)
SESSÃO SEGUIDA DE DEBATE
Dia 10, quarta
18h30 – Fortaleza Branca (The White Castle, Holanda, 1973, cor, 78 min)
20h30 – Tempo/Trabalho (Time/Work, Holanda, 1999, cor, 11 min) + Um momento de silêncio (A Moment’s Silence, Holanda, 1960-1963, sépia, 10 min) + As férias do cineasta (The Filmmaker’s Holiday, Holanda, 1974, cor/P&B, 39 min) + Festival de Cinema de Sarajevo – O Filme (Sarajevo Film Festival Film, Holanda, 1993, cor, 14 min)
Dia 11, quinta
18h30 – Valor de Face (Face Value, Holanda, 1991, cor, 120 min)
20h30 – A Máscara (The Mask, Holanda, 1989, cor, 60 min)
Dia 12, sexta
18h30 - Paris ao Amanhecer (Paris at Dawn, Holanda, 1960, P&B, 10 min) + Big Ben/Ben Webster na Europa (Big Ben/Ben Webster in Europe, Holanda, 1967, P&B, 31 min) + Beppie (Holanda, 1965, P&B, 38 min)
20h00 – Caminho para o sul (The Way South, Holanda, 1981, cor, 143 min)
Dia 13, sábado
16h00 – Férias Prolongadas (The Long Holiday, Holanda, 2000, cor, 142 min)
18h30 - Fortaleza Branca (The White Castle, Holanda, 1973, cor, 78 min)
20h30 – Tempo/Trabalho (Time/Work, Holanda, 1999, cor, 11 min) + Um momento de silêncio (A Moment’s Silence, Holanda, 1960-1963, sépia, 10 min) + As férias do cineasta (The Filmmaker’s Holiday, Holanda, 1974, cor/P&B, 39 min) + Festival de Cinema de Sarajevo – O Filme (Sarajevo Film Festival Film, Holanda, 1993, cor, 14 min)
Dia 14, domingo
16h00 – Valor de Face (Face Value, Holanda, 1991, cor, 120 min)
18h00 – Amsterdam Global Village (Holanda, 1996, Cor, 228 min)
SINOPSES
AMSTERDAM GLOBAL VILLAGE (Holanda, 1996, Cor, 228 min)
Direção: Johan van der Keuken
Neste épico de quatro horas de duração, Keuken retrata Amsterdã, sua cidade natal, e seus habitantes. Uma colcha de retalhos de histórias pessoais, tramada com importantes questões globais dos anos 90 que acaba por criar um adorável retrato da cidade de Amsterdã. O filme recebeu o Grande Prêmio do Festival de Munique.
A CRIANÇA CEGA (Blind Kid, Holanda, 1964, P&B, 24 min)
Direção: Johan van der Keuken
Como uma criança cega percebe a realidade? Para explorar este sofrimento, Johan van der Keuken passou dois meses numa instituição especializada na Holanda. Como resultado, o documentário revela batalha do cego para se manter em contato com a realidade.
A MÁSCARA (The Mask, Holanda, 1989, cor, 60 min)
Direção: Johan van der Keuken
Durante as comemorações do bicentenário da Revolução Francesa, Keuken registrou em película os ideais revolucionários de igualdade, liberdade e fraternidade, indo além de um comentário sobre a ignorância e as contradições da França no final dos anos 80 e criando uma mescla de visões sobre a solidão.
A NOVA ERA DO GELO (The New Ice Age,Holanda, 1974, cor, 80 min)
Direção: Johan van der Keuken
Terceiro e último filme da série Norte-Sul, explora as relações entre países ricos e pobres, traçando um paralelo entre as condições de vida de peruanos dos arredores de Lima e a situação de quatro jovens trabalhadores de uma fábrica de sorvete do Norte da Holanda.
AS FÉRIAS DO CINEASTA (The Filmmaker’s Holiday, Holanda, 1974, cor/P&B, 39 min)
Direção: Johan van der Keuken
Num vilarejo da província de Aude, na França, um casal de idosos confidencia suas memórias à câmera de van der Keuken: a guerra, as doenças, a morte... O filme é apresentado como uma coleção e imagens autônomas, que, uma vez combinadas, compõem o universo mental do diretor. Considerado uma obra-prima.
BEPPIE (Holanda, 1965, P&B, 38 min)
Direção: Johan van der Keuken
De uma família de oito meninas, Beepie é surpreendentemente extrovertida. Muito realista, é ao mesmo tempo infantil e brincalhona, sem nunca perder a ingenuidade. Uma autêntica jovem de Amsterdã, é tão amável quanto malvada, mas ilumina o canal onde vive.
BIG BEN/BEN WEBSTER NA EUROPA (Big Ben/Ben Webster in Europe, Holanda, 1967, P&B, 31 min)
Direção: Johan van der Keuken
Um documentário destacando a personalidade e o talento de Ben Webster, o saxofonista norte-americano que adotou Amsterdã. Lenda viva do jazz e do blues, Webster é ao mesmo tempo violento e gentil, generoso e atormentado. Ao registrar a relação entre homem e música, Johan van der Keuken revela a face oculta do músico, que morreu seis anos depois da realização deste filme.
CAMINHO PARA O SUL (The Way South, Holanda, 1981, cor, 143 min)
Direção: Johan van der Keuken
30 de abril de 1980, Dia da Coroação. Em Amsterdã, um grupo de manifestantes é atacado pela polícia. O filme então parte para uma viagem em direção ao sul: Paris, a região do Drôme, os Alpes, Roma, Cairo e o norte do Egito, refletindo as visões de Johan van der Keuken sobre emigração doméstica e estrangeira.
FÉRIAS PROLONGADAS (The Long Holiday, Holanda, 2000, cor, 142 min)
Direção: Johan van der Keuken
Em outubro de 1998, Johan van der Keuken soube que o câncer de próstata havia se espalhado e que só teria mais alguns anos de vida. Assim, ele e sua mulher decidem passar o resto de seu precioso tempo vendo e ouvindo. O filme é uma crônica sobre a visão de mundo do cineasta, feito da urgência da morte. Premiado em Berlim e Nyon.
FESTIVAL DE CINEMA DE SARAJEVO – O FILME (Sarajevo Film Festival Film, Holanda, 1993, cor, 14 min)
Direção: Johan van der Keuken
Sitiada por quase dois anos, Sarajevo estava prestes a encarar mais um rigoroso inverno. Em meio a esta difícil situação, Sarajevo organiza um festival de cinema. Neste filme, Johan Van der Keuken, registra os passos de uma garota que está participando do festival. Prêmio Globo de Ouro de1994.
FORTALEZA BRANCA (The White Castle, Holanda, 1973, cor, 78 min)
Direção: Johan van der Keuken
A forma como nossa existência se caracteriza. Passando-se em três localidades – uma ilha na Espanha, um centro comunitário num “gueto” em Columbus, EUA, e em duas fábricas na Holanda –, deste filme, Johan van der Keuken usa a técnica da colagem, na qual as tensões entre várias imagens mudam constantemente, dando origem a novas associações.
LIÇÃO DE LEITURA (The Reading Lesson, Holanda, 1973, P&B, 10 min)
Direção: Johan van der Keuken
Numa escola primária de Amsterdã, crianças aprendem associando palavras a imagens. Na base da brincadeira, o diretor subverte o sistema gradualmente substituindo as gravuras do método convencional por figuras de políticos e a realidade social.
LUCEBERT, TEMPO E ADEUS (Lucebert, Time & Farewell, Holanda, 1994, cor e P&B, 53 min)
Direção: Johan van der Keuken
Lubertus Jacobus Swaanswijk, artista conhecido como Lucebert, foi um dos maiores poetas holandeses do século 20. A poesia e a pintura de Lucebert exploram o gestual da criação em si. Este aclamado tríptico de curtas-metragens foi filmado por Johan van der Keuken em 1962, 1966 e 1994. Grande Prêmio da Bienal de Cinema de Arte de Paris.
O ESTÚDIO DE TO SANG (TO Sang Fotostudio, Holanda, 1997, cor, 32 min)
Direção: Johan van der Keuken
Várias nacionalidades estão representadas na rua de Amsterdã, onde o fotógrafo chinês To Sang tem seu estúdio. Há uma loja de perucas suriname-holandesa e um centro paquistanês de sári; o mercado holandês Woestenburg, a joalheria chinesa Sang Sang e o restaurante curdo Lokanta Caren. Neste emaranhado de culturas, seus donos decidem ser fotografados por To Sang. O processo é minuciosamente registrado por Johan van der Keuken.
O MOVIMENTO DO ANIMAL (On Animal Locomotion, Holanda, 1994, P&B, 10 min)
Direção: Johan van der Keuken
Filme baseado na música de Willem Breuker, como parte do projeto Hexagon, no qual seis compositores inspiraram seis cineastas. O título se refere ao trabalho de Edward Muybridge, o conhecido fotógrafo que capturou os movimentos de homens e animais imagem por imagem, tornando-se um precursor da fotografia. Cenas de ruas parisienses se alternam com close-ups do próprio cineasta, às vezes escondido sob uma máscara africana.
O MURO (The Wall, Holanda, 1973, cor, 9 min)
Direção: Johan van der Keuken
No distrito de Amsterdã onde Johan van der Keuken viveu com sua família por mais de 20 anos, os moradores estão mobilizados para protestar contra a política municipal de demolição de casas para a construção de grandes edifícios comerciais. Numa sombria manhã de outubro, eles vão juntos pichar os muros da estrada que passa pelo bairro. Quando o mural é terminado, no entanto, nota-se que os guindastes já demoliram parte das casas.
O OLHO SOBRE O POÇO (The eye above the well, Holanda, 1988, cor, 90 min)
Direção: Johan van der Keuken
Na Índia, Johan van der Keuken estuda os ensinamentos das antigas tradições dos Keraleses registrando diferentes manifestações de sua cultura. Danças, música e aulas de artes marciais; a escola védica e performances de teatro. Como contraponto, pelo caminho que percorre um modesto agiota do interior, Keuken evoca a situação econômica da região. Grande Prêmio do Festival de Bruxelas.
OS PALESTINOS (The Palestinians, Holanda, 1975, cor, 45 min)
Direção: Johan van der Keuken
Filmado em 1975 no Líbano, logo antes do início da guerra civil, Os palestinos explora o complexo e tocante objeto de conflito no Oriente Médio. Mostrando as contradições entre as diferentes classes sociais libanesas, o filme torna possível definir mais claramente a identidade dos palestinos e entender melhor seu clamor.
PARIS AO AMANHECER (Paris at Dawn, Holanda, 1960, P&B, 10 min)
Direção: Johan van der Keuken/James Blue
Primeiro filme de Johan van der Keuken, é um poema lírico sobre Paris, filmado ao amanhecer. Realizado em parceria com James Blue, apresenta, na trilha sonora, o jazz de Derry Hall.
QUATRO PAREDES, (Four Walls, Holanda, 1965, P&B, 22 min)
Direção: Johan van der Keuken
Em 1965, Amsterdã passou por uma severa crise de moradia. Convidado a conhecer apartamentos minúsculos ocupados por famílias imensas, o diretor se encarrega de descrever meticulosamente esta realidade. Uma reflexão da relação entre o espaço físico e o mental.
QUESTÃO SEM RESPOSTA (The Unanswered Question, Holanda, 1986, P&B, 18 min)
Direção: Johan van der Keuken
Realizado numa oficina do Teatro Shaffy de Amsterdã, é baseado em peça homônima composta pelo norte-americano Charles Ives em 1907 e em um diário literário de uma senhora senil. Um poema didático sobre a mecânica da memória e, consequentemente, do cinema.
SOPRO LIVRE (Brass Unbound, Holanda, 1993, cor, 106 min)
Direção: Johan van der Keuken
Um documentário sobre bandas de instrumentos de sopro do Nepal, Indonésia, Gana e Suriname. Num ambiente descontraído, no qual a história em si é pouco mencionada, entrevistas com personagens idosos vão traçando a trajetória dos grupos musicais, seus ritmos tribais e estranhas novas melodias, recuperados, muitas gerações mais tarde, através do jazz e da world music. (Em parceria com Rob Boonzajer Flaes.)
TEMPO/TRABALHO (Time/Work, Holanda, 1999, cor, 11 min)
Direção: Johan van der Keuken
Sem um único diálogo, esta é uma montagem de fragmentos de filmes dirigidos por Johan van der Keuken mostrando movimentos repetitivos típicos de vários tipos de trabalhos rurais, artesanato e atividades industriais. Todos em contextos geográficos totalmente distintos.
UM MOMENTO DE SILÊNCIO (A Moment’s Silence, Holanda, 1960-1963, sépia, 10 min)
Direção: Johan van der Keuken
Um dos primeiros filmes dirigidos por Johan van der Keuken. Filme de “história livre”, sem as amarras do roteiro. O incessante vaivém dos carros diminui-se num arrastar. Os transeuntes param e a cidade de Amsterdã fica paralisada. Na verdade, há uma festa acontecendo, mas isso não é mencionado no filme. No silêncio que se faz, as sequências filmadas parecem emergir do irreal.
VALOR DE FACE (Face Value, Holanda, 1991, cor, 120 min)
Direção: Johan van der Keuken
Um épico de humanidade e diversidade cultural na Europa. Em meio a uma multidão de aparências, reflete-se uma Europa imaginária composta por Londres, Marselha, Praga e Holanda. Tudo circula em torno das faces e do ato de olhar. O desejo de se exibir, o medo de ser visto; a impossibilidade de se ver e o medo e o desejo de ver o outro; a luta incerta pela identidade, a feroz batalha pelo território e os impetuosos movimentos do amor e da morte.
VELOCIDADE 40-70 (Velocity 40-70, Holanda, 1970, cor, 25 min)
Direção: Johan van der Keuken
Convidado a contribuir nas comemorações do fim da Segunda Guerra, Johan van der Keuken, que nasceu em 1938, decide não utilizar arquivos cinematográficos e acaba por realizar um filme sobre o passado. Entrevistando um sobrevivente de Auschwitz, com a ajuda de imagens sobre o que ele mesmo vivera, o ex-prisioneiro relembra os tempos de guerra. Assim, suas memórias são traduzidas por imagens do presente, numa cruel e lúcida observação da realidade.
VIETNAM OPERA (Holanda, 1973, cor, 11 min)
Direção: Johan van der Keuken
Vietnam opera foi realizado quando o cineasta acompanhou a visita de um grupo de liberação revolucionária vietnamita ao principal teatro de Amsterdã para uma encenação.
VIVENDO COM SEUS OLHOS (Living with Your Eyes, Holanda, 1997, cor, 53 min)
Direção: Ramon Gieling
Registro cinematográfico dos movimentos de Johan van der Keuken e seu técnico de som durante rápido, mas intenso, processo de criação do curta-metragem sobre o fotógrafo chinês To Sang. Inclui entrevistas com vários especialistas em cinema que analisam e comentam seu trabalho.
A PERMANÊNCIA DO TEMPO – FILMES DE JOHAN VAN DER KEUKEN
Local: Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil - Brasília
Data: 2 a 14 de junho de 2009
Horários: de terça a sexta, às 18h30 e 20h30; sábados e domingos, às 16h00, 18h00 e 20h00 (com exceções – ver programação)
ENTRADA FRANCA
Informações gerais: (61) 3310. 7081